quinta-feira, 19 de junho de 2008

Despautério total...

A Sra. Isabel Damasceno, presidente da Câmara de Leiria e vice-presidente do Conselho Directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), em comentário à divulgação do estudo relativo ao endividamento dos municípios portugueses no ano de 2006, afirmou que a dívida "é insignificante, comparada com a de algumas empresas públicas".
Bem...
Que a afirmação seja feita, já é grave: o tão português acto de justificar um erro com outro erro, de forma a encobrir a errática e esbanjadora gestão dos fundos pelo poder autárquico. 34 anos de liberdade post 25 de Abril deram-nos um poder autárquico que, embora por vezes pujante, se caracteriza por uma gestão despreocupada face à escassez de recursos e, quantas vezes, sem planos e objectivos definidos para a obtenção do real desenvolvimento das condições de vida dos munícipes.
Mais grave é a afirmação ser feita por quem a fez, uma das responsáveis máximas do órgão associativo dos municípios. Inaceitável: porque os dados correspondem à verdade, indiciando que as Câmaras Municipais não são objecto de gestão rigorosa (e muito teríamos para dizer quanto ao facto de, como defendemos, os órgãos de gestão da res publica não terem por fim o lucro, mas podem levar a cabo as funções que se cometem ao welfare state sem dar prejuízo acumulado...), porque denotam uma tendência que não é invertida, nem se vislumbra vontade de tal vir a suceder no futuro, e porque a proximidade de um acto eleitoral no próximo ano de 2009 fazer soprar ventos nefastos...
Declarações sérias, minhas senhoras e meus senhores!

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